quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Gafanha da Boa Hora


Gafanha da Boa-Hora, uma terra á Beira-mar plantada; terra de pescadores ,de gentes agarradas á terra ,donde lhe sai, á custa de suor do seu rosto, o pão de cada dia;Terra sacrificada, mas que soube reagir contra toda a adversidade; Terra cuja gente não sabe fazer mais nada senão trabalhar; terra que saiu do nada e hoje é uma explosão de progresso; terra colorida pela paisagem verdejante que se estende pelos campos fora, pelas águas azuis do mar e da ria e pelas casas de cores garridas; terra alegre saudada pelo cantar melódico das muitas e diversas aves da região e pelo fragor do mar; a primeira terra Portuguesa abençoada pela Nossa Senhora de Vagos; uma terra que possui a sala de visitas, por excelência ,do concelho de Vagos; uma terra em que se arrisca a vida por essa mesma vida; uma terra com centenas de anos de existência.
Ao falarmos da Gafanha, surge a curiosidade de saber a origem do seu nome. Não é fácil dar uma resposta concreta, tanto mais que há, pelo menos, duas opiniões a esse respeito, dignas de serem aceites, embora muito diferentes no sentido e na origem. Há quem defenda que o nome lhe vem do facto de a Gafanha ter sido, em tempos remotos, local destinado á recolha , assistência ou cura dos "Gafentos" ou "Leprosos", talvez por ser uma zona despovoada, onde abundavam extensos areais, zona isolada do mundo. No entanto ,esta hipótese é contestada por outros, dado que etimologicamente, não há relação vocabulária entre Gafanha e Gafentos. Além disso, não existem documentos, nem a própria tradição nos assegura que tenha existido na Gafanha ou naquela região ribeirinha uma estância terapêutica.
Por outro lado há os que defendem a opinião baseada na constituição do solo da Gafanha. De arenoso, por se encontrar perto do mar, passou a terreno de aluvião por influência da ria, onde abundava o junco, planta bastante utilizada na adubagem das terras de cultivo. Esta planta, antes do aparecimento das máquinas agrícolas, era cortada com a gadanha. Noutros tempos, quando fixada a data para o corte do junco, lá iam grupos de homens de Vagos, Vigia , Lombomeão e outras, de gadanha ao ombro, a caminho dos juncais da Gafanha, lançando o apelo tão característico das gentes daquele tempo, incumbidas daquela tarefa: "Vamos lá, vamos lá com Deus gadanhar o junco que fecundará os nossos campos". Este termo, "gadanhar", com o andar do tempo, tantas vezes repetido,terá vindo a dar a palavra "Gafanhar", de mais fácil pronúncia.
"Vamos á Gafanha do junco", como diziam. E assim terá surgido a palavra "GAFANHA".
O povoamento da Gafanha parece remontar a 1677. Há documentos a este respeito que nos falam de um tal Manuel da Rocha Tanoeiro e também de um António Matias, homens de Vagos que cultivavam por aforamento, leiras de terra na Gafanha por essa altura. Este povoamento foi feito, quase exclusivamente, por gente de Vagos.
Toda a Gafanha, desde a Nazaré até ao Areão, pertenceu a Vagos até 19 de Setembro de 1856, o que demonstra bem a influência que Vagos teve na fundação desta freguesia e das freguesias vizinhas.
Ainda hoje, a maior parte dos apelidos do povo da Gafanha são oriundos da região de Vagos. Se não, vejamos: Costas, Domingues da Graça (Calvão , Vigia e S. Romão); Bechinas, Ritos,Covas e Juliões(Lombomeão);Caçoilos , Ferros,Merendeiros,Patos(Vagos); Frescos(Sanchequias); Estranjeiros(Parada de Cima e Fonte de Angeão).
É natural que Vagos influenciasse o povoamento da Gafanha, pois era a povoação antiga mais perto desta zona. Não vamos mais longe, a palavra Vagueira vem do adjectivo popular latino "Vacarius" que vingou ao lado do termo mais erudito "Vacuus" (Vazio).

Fonte: www.vagueira.com

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